quinta-feira, 29 de abril de 2010

comprar: roupão turco

Tenho grande parte das minhas ideias enquanto tomo banho. Perco-me no chuveiro, e às vezes quando dou conta já estou em Moscavide. Não deixa de ser chato perceber-se que se está de toalha no meio de prédios verde-mato com estofos em pele. O mais complicado é regressar. Nunca pensei ser tão difícil apanha um táxi com espuma no cabelo. Tamanho preconceito. Só os camionistas são compreensivos, e as velhinhas com cataratas, ainda que a maior parte das vezes me deixem no sítio errado. Ah, e os didtribuidores de alicates ao domicílio. Impecáveis. O único problema é ser muito demorado, há muitas chamadas de emergência. São muitas paragens e zig-zags até me deixarem em casa.
Quando chego finalmente percebo que não sei que dia é, não sei quanto tempo estive fora, se tinha compromissos, se me despediram, se me despejaram, se deixei morrer o meu cão, se me declararam o óbito... Entro em neurose, falta-se-me o fôlego. Então pra me acalmar decido tomar um banho.

29.abr.10'

segunda-feira, 26 de abril de 2010

maracujá

Vinhamos no escuro,
de vidro entreaberto.
De repente cheirou-nos a gomas de coca-cola.
Então parámos,
para as deixar atravessar.
E enquanto esperávamos fizemos planos para a semana passada,
que o futuro já está todo ocupado.
Distraímo-nos e quando acordámos tinham passado dois dias,
e já só cheirava a maracujá.


23.abr.10'
02h54

o tempo, ou a roda

O tempo cada vez passa mais depressa.
Ou somos nós que vamos ficando mais tolos.
Seja como for, a roda não pára pra ninguém.
Nem pra mim, nem pra ti.
Bem, talvez pra ti, que tens os ombros mais largos.


18.abr.10'