sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

o jogo

Perdi o jogo,
porque não estive aqui.
Perdi o jogo por ti,
e a certa altura deixei de ver
(só falava em ver)
Continuei enquanto de longe querias saber.
Tentaste e por vezes cedia.
Falei-te do jogo e dos olhos.
Negaste. Foi então que partimos,
depois de me apanhares a vista do chão.
Guardei-a no bolso.


02h23       
19.fev.10

palavras

Escrevo no meio das palavras. Por todo o lado, disparadas pelo ar, velozes e descontroladas. Por toda a parte, não posso escapar. Quem as pára? Quem as cessa? Palavras afiadas contra o ar erráticas, sem dono nem destino. Bem, dono devem ter, alguém as pensou, e disparou, agora destino... Vão por aí, sem saber onde parar, até alguém as agarrar, ou esbarrar nelas. Ou até alguém ser aingido mortalmente e cair redondo no chão. E a palavra que o atingiu? Morre com ele? Ou atira-se à primeira pessoa que se aproximar? Bem, para prevenir, mais vale não nos aproximarmos de pessoas caídas no chão com palavras espetadas no estômago...

11.fev.10

corrida

acordeões
agudos
aguçados
esmigalhados
perturbados
perturbantes
indiferentes
precistentes
perseguidos
embebidos
enforcados
enfeitados
apagados
aguçados
agudos
acordeões.

11.fev.10

Ninguém

Murmuram por todo o lado,
uns para o outros,
ou para ninguém.
Não se entendem, mas fingem,
porque fica bem.
E olham, e riem, e mentem.
E riem, e morrem, por dentro.
Fingem porque não são nada,
e se não são nada não existem.
São ninguém. Mas fingem, porque fica bem.
O nada que mente e finge existir.
Mas nem sabe mentir.


11.fev.10